Ney Latorraca, um dos maiores ícones da dramaturgia brasileira, faleceu aos 80 anos nesta quinta-feira (26) devido a complicações de uma sepse pulmonar causada por um câncer de próstata. O ator estava internado na Clínica São Vicente, no Rio de Janeiro, onde lutava contra a doença.
Nascido em Santos, litoral de São Paulo, em 27 de julho de 1944, Antonio Ney Latorraca foi filho de cantores de cassino e começou sua carreira artística ainda criança, participando de radionovelas na rádio Record aos seis anos. Sua estreia nos palcos ocorreu aos 20 anos, com a peça Pluft, o Fantasminha, de Maria Clara Machado, também em sua cidade natal.
Trajetória Marcante no Teatro e na TV
Após migrar para São Paulo, Ney Latorraca buscou aprendizado com grandes nomes do teatro, como Flávio Rangel e Cacilda Becker. Ele se formou pela Escola de Arte Dramática da USP em 1969, onde teve como madrinha a atriz Marília Pêra. No teatro, marcou presença em montagens como O Balcão, de Jean Genet, e os icônicos musicais Hair e Jesus Cristo Superstar.
Na televisão, estreou na TV Globo em Escalada (1975) e consolidou sua carreira com personagens marcantes, como o rebelde Mederiquis de Estúpido Cupido (1976) e o Conde Vlad, de Vamp (1991). Ney também brilhou no humor, com o inesquecível Barbosa, de TV Pirata, e em diversas minisséries, como Grande Sertão: Veredas e Anarquistas, Graças a Deus.
Um Legado no Teatro
No teatro, um de seus maiores sucessos foi a peça O Mistério de Irma Vap, ao lado de Marco Nanini e sob direção de Marília Pêra. A montagem, que ficou em cartaz por quase uma década, tornou-se um marco do teatro brasileiro. Outros destaques incluem Rei Lear (1983) e O Médico e o Monstro (1994).
Cinema e Outras Facetas
Ney Latorraca também deixou sua marca no cinema, participando de filmes como O Beijo no Asfalto (1980), Ópera do Malandro (1982) e Carlota Joaquina (1995). Com uma carreira multifacetada, ele era conhecido por sua versatilidade e capacidade de transitar entre o drama, o humor e o musical.
Desafios e Superação
A vida de Ney Latorraca foi marcada por desafios. Após o fechamento dos cassinos no Brasil em 1946, sua família enfrentou dificuldades financeiras. Ainda assim, ele perseverou, trabalhando em diversos empregos para sustentar seus estudos e realizar seu sonho de ser ator.
Em uma entrevista, Ney relembrou como as dificuldades moldaram sua personalidade. “Eu brincava com uma caixa de charutos e achava o máximo. Me sentia parte de um trio interessante e diferente”, contou o ator, que sempre demonstrou bom humor e resiliência diante das adversidades.
Homenagens
A morte de Ney Latorraca deixa um vazio no cenário cultural brasileiro. Ícone de gerações, ele será lembrado por sua contribuição inestimável à arte e à cultura do país. Sua trajetória inspiradora serve de exemplo para novos artistas e fãs que acompanharam sua brilhante carreira.
Ney Latorraca, um gigante das artes cênicas, deixa um legado imortal.
