Guilherme Boulos e João Campos trocam farpas após eleições

Prefeito do Recife critica postura do deputado, que responde apontando incoerência

O prefeito reeleito do Recife, João Campos (PSB-PE), e o deputado federal Guilherme Boulos (PSOL-SP) protagonizaram uma troca de farpas após as eleições municipais, refletindo uma divisão de posicionamentos dentro da base de apoio do presidente Lula (PT).

A troca de críticas teve início quando João Campos comentou a campanha eleitoral de Boulos, insinuando que o deputado teria alterado suas posições políticas ao longo do tempo para conquistar mais votos. Em entrevista ao programa Roda Viva, da TV Cultura, Campos usou como exemplo a mudança de tom do deputado ao longo de sua carreira pública. Segundo ele, “as pessoas percebem quando alguém muda de posição, especialmente perto de eleições”.

O prefeito do Recife, que mantém um relacionamento com a deputada Tabata Amaral (PSB-SP), derrotada nas eleições em São Paulo, reiterou que sua análise reflete a percepção pública sobre mudanças bruscas de postura política, sugerindo que Boulos teria se afastado de algumas de suas antigas bandeiras.

Resposta de Boulos: acusa João Campos de incoerência

Questionado pela Folha de S.Paulo sobre as declarações do prefeito, Guilherme Boulos demonstrou descontentamento com Campos, apontando a suposta incoerência do prefeito de Recife. Para Boulos, Campos teria mudado de postura em relação ao PT ao longo dos anos. "Em 2020, João Campos foi eleito sob o lema 'PT nunca mais'. Agora, com Lula na presidência, ele se tornou um dos maiores aliados do PT no Nordeste", rebateu o deputado.

Conhecido por sua trajetória e posições à esquerda, Boulos enfatizou sua própria consistência ideológica, reforçando que sempre manteve um lado político definido, independentemente do cenário eleitoral. "Eu tenho lado, tenho posições firmes, e ter posição firme tem um preço. Eu não vou conforme o vento", afirmou o deputado, em um tom crítico à postura de Campos.

A troca de críticas entre Boulos e Campos não só evidencia tensões na aliança de apoio ao governo federal, mas também ilustra os desafios de unidade entre políticos de vertentes ideológicas distintas dentro do mesmo campo progressista.

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