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Fim da escala 6x1 é "salvação do capitalismo", diz economista português

Pedro Gomes, economista e professor de economia na Universidade de Londres em Birkbeck, defende a implementação da semana de trabalho de quatro dias como uma solução para enfrentar os desafios econômicos do século 21. Segundo ele, a medida não é apenas uma questão de bem-estar dos trabalhadores, mas sim uma necessidade para preservar a eficiência e competitividade do capitalismo moderno.

Transformação gradual do mercado de trabalho

Gomes liderou o Projeto-Piloto da Semana de Quatro Dias em Portugal, que testou a nova jornada em 41 empresas. Apenas quatro delas retornaram ao modelo de cinco dias após o teste. Segundo ele, o sucesso do programa evidencia como a redução da jornada pode beneficiar a economia, mesmo diante da resistência empresarial inicial.

Por que o economista considera a semana de quatro dias uma solução para o capitalismo?

No livro Sexta-feira é o novo sábado (2021), Gomes argumenta que, enquanto o mundo passou por grandes transformações nas últimas décadas, o mercado de trabalho não acompanhou essas mudanças. Ele acredita que a redução para uma semana de quatro dias poderia modernizar as economias e estimular setores como o de turismo e lazer, oferecendo ao trabalhador mais tempo livre para consumir serviços.

Resistência à mudança e impacto na produtividade

Historicamente, o setor empresarial demonstrou forte resistência a mudanças na jornada de trabalho. Gomes cita o exemplo de Henry Ford, pioneiro na adoção da semana de cinco dias na indústria automobilística, como um caso onde a inovação foi impulsionada pela própria necessidade de adaptação para melhorar a produção.

O economista também destaca que a resistência à mudança é natural, mas a adaptação para a semana de quatro dias se mostraria vantajosa, ao contrário do que as críticas empresariais indicam.

Fim da escala 6x1 no Brasil: é o momento certo?

Para o economista, o fim da escala 6x1 no Brasil seria um passo importante para alinhar o país aos padrões do século 21. Ele compara a situação com países como China e Estados Unidos, onde a redução de jornadas trouxe crescimento econômico significativo. No entanto, ressalta que a mudança deve ser gradual e planejada, adaptando cada setor conforme suas especificidades.

Tempo livre e economia: um recurso subestimado

Gomes argumenta que o tempo livre não representa uma perda econômica. Pelo contrário, ele impulsiona setores internos, como lazer e turismo, criando novas oportunidades de consumo e desenvolvimento. Ele cita o caso da China, que, ao adotar a semana de cinco dias, expandiu seu mercado de turismo interno, beneficiando a economia local.

Transição gradual para uma nova escala de trabalho

Gomes defende que o Brasil siga uma transição gradual da escala de seis para quatro dias, ajustando as expectativas empresariais e permitindo que cada setor encontre a melhor forma de adaptação. Ele afirma que essa transformação já ocorre em diversos países e que o Brasil deve preparar sua economia para mudanças semelhantes.

O papel da legislação na mudança

O economista aponta que a legislação desempenha papel fundamental em consolidar mudanças na jornada de trabalho, citando que medidas semelhantes foram implementadas com sucesso em outras nações. Ele sugere que a criação de leis para regulamentar a jornada de quatro dias ajudaria a estabilizar o mercado, evitando desigualdades e incentivando adaptações mais justas.

O impacto da redução na saúde e produtividade

A intensidade do trabalho na era moderna contribui para o aumento do estresse e burnout, problemas que, segundo estudos, chegam a custar até 5% do PIB em produtividade perdida. Gomes afirma que a redução da jornada poderia amenizar esses impactos, oferecendo aos trabalhadores mais tempo para equilibrar o trabalho com a vida pessoal e atividades de lazer.

Conclusão: o futuro do trabalho e a modernização da economia

Pedro Gomes acredita que a semana de quatro dias representa uma modernização necessária para o mercado de trabalho atual. Com a adaptação adequada e apoio legislativo, ele afirma que o modelo tem potencial para melhorar a saúde dos trabalhadores, estimular a economia interna e fortalecer o capitalismo diante dos desafios econômicos contemporâneos.

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