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A infantilização da gestão no mercado de trabalho

 "Você não vai me perguntar o motivo de eu ter pedido para sair mais cedo ontem?"

Essa foi a pergunta de uma pessoa da equipe para quem eu era líder há pouco mais de dois anos.

E minha resposta foi: Não.

Não é preciso ser super inteligente para entender que dentro de uma organização, das 08 às 18h, as pessoas que estão ali também possuem vidas sociais, familiares e hobbies dos quais não sabemos nada.

É utópico pensar que os problemas e situações cotidianas só acontecerão após as 18h. Na prática, tentamos equilibrar nossos compromissos profissionais com a vida fora do escritório.

Já ouvi uma gestora dizer em alto e bom tom "mas se soltar muito vira bagunça". Perceba como, mesmo depois de anos, os profissionais ainda são submetidos a rotinas semelhantes às do jardim de infância. E agora, quem assume o papel da "professora" é o gestor, a chefe, a supervisora, o gerente.

Nos slides do famoso "erreagá", existem palavras bonitas como "Gestão humanizada", "somos uma família", "promoção de ambiente acolhedor", "políticas de portas abertas", "nossa empresa é construída por gente".

E afinal, o que torna a gestão de fato mais humanizada?

Acredito que compreender que para além do profissional entregador de metas existe alguém com sonhos, que é o amor de alguém, e que tem não apenas consultas médicas para justificar ausências, mas também uma vida com situações que (dentro do bom senso) podem ser negociadas.

Para além disso, existem ferramentas simples e eficientes para acompanhar entregas e produtividade. Não precisamos transformar o ambiente profissional em um grande jardim de infância onde as pessoas se justificam o tempo todo.

Um gestor que não consegue medir, mensurar e acompanhar indicadores, naturalmente está fadado a se tornar um professor inseguro do jardim de infância, onde as justificativas são sempre extremamente importantes.

Se os projetos estão em ordem, se há banco de horas e possibilidade, por que tenho que ouvir um colega se justificando por ter levado seu gato ao veterinário?

Além disso, quem está feliz fora do trabalho naturalmente desempenha melhor o seu papel dentro dele.

Faz sentido?


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