Por Felipe Preto - Em um contexto onde o envelhecimento da população ganha destaque nas discussões sociais, a solidão na terceira idade torna-se um assunto cada vez mais importante. Josélia da Silva Santos, uma idosa de 97 anos residente no centro do Rio de Janeiro, vive sozinha há décadas e compartilha a dor da solidão que muitos idosos enfrentam.
Não saindo de casa há mais de um ano, Josélia passa grande parte de seus dias observando a vida alheia pela varanda de seu apartamento. "Sinto falta de uma família dentro de casa para cuidar de mim", diz ela. O isolamento é uma realidade que Josélia enfrenta diariamente, apesar de sua condição física relativamente boa para sua idade. Para as tarefas mais pesadas do dia a dia, ela conta apenas com a ajuda de uma faxineira, que vai até sua casa uma vez por semana.
A solidão de Josélia foi agravada há nove anos, quando seu único filho faleceu de cirrose. Em um momento emocionante, ela relembra as palavras de seu filho: "Mamãe, a senhora vai ficar sozinha". A emoção a impede de completar a frase.
Porém, a vida de Josélia tomou um rumo menos solitário há quatro anos, quando ela começou a receber visitas de Josefa Gomes Dantas, uma mulher de 76 anos que atua como "agente experiente", um serviço oferecido pela prefeitura do Rio de Janeiro para fornecer companhia a idosos. "Graças a Deus eu encontrei amigas que estão fazendo o que uma família devia fazer", relata Josélia.
Josefa, que também mora sozinha em um pequeno apartamento no centro da cidade, afirma: "Aqui sou eu sozinha, e Deus. E eu trabalho e pronto". Ela se mudou para o Rio de Janeiro quando era mais jovem para trabalhar como empregada doméstica, e nunca se casou ou teve filhos.
O encontro dessas duas mulheres exemplifica as complexidades e desafios que a solidão na terceira idade pode impor, mas também mostra como as conexões humanas podem fornecer algum alívio. No aniversário de 97 anos de Josélia, Josefa fez questão de celebrar com um bolo de chocolate, acompanhada por outra "agente experiente", Dalila Fernandes, de 77 anos. "Vira meio família, é uma amizade forte e sincera", comenta Dalila, sublinhando a importância dessas relações para mitigar a solidão na vida dos idosos.
A história de Josélia e Josefa serve como um lembrete poignante dos desafios emocionais que muitos idosos enfrentam e da importância da assistência e conexões humanas nessa fase da vida.
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